Hoje, visto que era o dia que ja estávamos um pouco mais descansados da viagem de comboio e era o único dia inteiro aqui, decidimos aproveitá-lo de uma maneira um pouco diferente… Decidimos fazer uma visita ao passado e conhecer o campo de concentração de Dachau – perto de Munique – um dos mais importantes da Alemanha.
Acordámos relativamente cedo, fizemos as nossas típicas sandes e aventurámo-nos pelas linhas do metro e dos autocarros para lá chegar – até foi fácil, o gps deu-nos uma grande ajuda :p
Quando lá chegámos, pensávamos que numa hora conseguimos ver tudo… Que inocentes… Uma hora?! Qual quê… Tivemos lá quase quatro horas! Mas, valeu MUITO a pena!
É impressionante e um pouco chocante, conhecer o sítio onde foram mortas tantas pessoas, depois de capturadas e tiradas das famílias… Sempre ouvimos falar das guerras e dos campos de concentração na escola e em filmes, mas, estar no sitio onde tudo se passou é muito diferente. Optámos por pedir um guia audio mal lá chegámos, achámos que seria bom para percebermos melhor tudo o que aconteceu, e ajudou muito, acreditem…
Logo à entrada – antes da porta de entrada para o campo de concentração em si – estão restos de carris dos comboios que transportaram os prisioneiros. Mal entrámos, demos de caras com um recinto enorme, com alguns barracões e uns muros em pedra. Consegui imaginar aquilo cheio de prisioneiros e de soldados, o que me deixou um pouco arrepiada, confesso. Ouvimos algumas explicações até que demos de caras com uma estátua que estava construída em cima de um muro que ia aumentando o tamanho – ficámos sem saber o que pensar… Quando ouvimos a explicação ficámos um pouco sem palavras, na fase da compreensão e aceitação…
Basicamente, a estátua era em homenagem a todos os prisioneiros que morreram naquele campo de concentração… No entanto, dava maior ênfase a todos os que se suicidaram – devido ao pânico – no arrame farpado do campo. Quanto ao muro, fiquei ainda mais chocada! A altura do muro aumenta, consoante o número de pessoas que morriam ao longo dos anos… “Wowwww, não sei como é possível tudo isto, parece que entrei num filme” – infelizmente não, tudo isto é demasiado real.
Depois fomos visitar um museu que explicava um pouco melhor toda a história. Vimos até, o sitio onde os prisioneiros tomavam banho – no inicio, uma vez por semana… Depois, era cada vez mais raro. No sitio para tomar banho, ouvimos que, muitas vezes para além do banho tinham uma “surpresa” – eram torturados e chicoteados. O que me chamou mais à atenção no museu foi a forma como os prisioneiros eram classificados, eles tinham um triângulo de uma respetiva cor consoante a classificação ou o grupo de prisioneiros a que pertenciam. Por exemplo, com o triângulo verde eram prisioneiros temporários; com o triângulo rosa eram homossexuais; com o triângulo preto eram os associais – pessoas que são um perigo para a sociedade (supostamente) – como por exemplo, os sem abrigo.
Não sei como é possível, havia alturas em que lhes apetecia matar alguém e deixavam os prisioneiros trabalhar fora do campo de concentração para ter uma desculpa, simplesmente, lhes dar um tiro da torre de vigia… fez-me muita confusão, mas, segundo o que ouvimos, era o que acontecia.
Depois do museu, fomos ao bunker – uma prisão para os prisioneiros que cometiam algumas asneiras mais graves – onde vimos imensas celas. Havia algumas, para os piores castigos, que eram celas em que os prisioneiros eram obrigados a ficar em pé durante dias, por terem feito algo “muito grave”.
Decidimos depois avançar um pouco mais rápido e passar para a zona onde estavam construídos os barracões onde dormiam os prisioneiros – já só havia dois que tinham sido reconstruídos, todos os outros já tinham sido demolidos e só tinham delineada a área. Inicialmente, em cada barracão havia espaço para, aproximadamente, 120 prisioneiros… Tinham uma cama com um espaço razoável e com sítios para colocar os pertences…
Com o passar dos anos, o número de pessoas por barracão aumentou exponencialmente, ficaram, então sem espaço para as suas coisas e dormiam todos “ao molho”.
Fomos, mais tarde, visitar algumas igrejas que foram construídas após a libertação dos prisioneiros. Acabámos a nossa visita a ir ver o crematório e as câmaras de gás. Nas câmaras de gás visitámos, também, a sala de espera onde os prisioneiros eram informados que iriam entrar nos famosos “duches” para que não pudessem ter hipótese de dizer nada… Fez-me muita impressão imaginar tal coisa, como tal, não estivemos lá muito tempo.
Para mim, todos os prisioneiros que conseguiram sobreviver nas condições proporcionadas nos campos de concentração são uns heróis, sejam eles quem forem! Saímos de lá a pensar um bocado em tudo aquilo que vimos e “a pensar na vida” – como se costuma dizer… E realmente, nós não temos nada que nos queixar da nossa vida, comparada com aquelas pessoas, a nossa vida é e sempre foi de lordes!
Depois de sairmos do campo de concentração, fomos até ao centro de Munique. Ontem tínhamos passado por lá no autocarro e ficámos curiosos para ver alguns monumentos mais de perto.
Depois de algumas voltas pelo centro, decidimos que estava na hora de voltar para casa… O pior foi: o metro! É uma confusão tremenda, não percebiamos nada das direções… De manhã tinha sido fácil, à tarde vimo-nos as aranhas.. Enfim :p
Quando chegámos a casa, nem queríamos acreditar… Isto de conhecer coisas e fazer interrail é muita giro e tal, mas é uma estafa… Jasus!
Decidimos ir jantar ao mesmo sítio de ontem – a senhora deve ter pensado “estes gostaram tanto disto que agora vêm cá todos os dias”… Está enganada, amanhã não vamos :p
Estou a gostar muito de Munique, é diferente e parecido a Lisboa, para mim… É diferente das cidades onde temos estado e muito bonito tambem! E esta visita de hoje… vai marcar-me para sempre
Pois é, agora vamos descansar… Amanhã, por volta das 17h seguimos para o nosso próximo destino, Praga
PS. Estou bastante ansiosa para conhecer Praga! :p